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30 de mai. de 2010

NOVA PESQUISA AFIRMA QUE "ARDI" NÃO É ANCESTRAL DO HOMEM

Análise indicaria que espécie célebre é apenas grande macaco

Querem destronar Ardi. A fêmea primata de 4,4 milhões [sic] de anos virou ícone da espécie Ardipithecus ramidus, um dos mais antigos ancestrais do homem [sic]. Mas não passaria de uma reles macaca, acusa um novo estudo.


Ironicamente, o "rebaixamento" da espécie de Ardi está sendo proposto nas páginas da prestigiosa revista especializada "Science", a mesma que alçou a suposta fêmea de hominídeo (ancestral humano) à categoria de descoberta do ano em 2009.


Ardi e seus companheiros de espécie estariam entre os primeiros primatas a comprovadamente caminhar com duas pernas, tal como o homem. É o que argumentava a equipe liderada por Tim White, da Universidade da Califórnia em Berkeley (Costa Oeste dos EUA).


Besteira, disse à Folha Esteban Sarmiento, primatologista da Fundação Evolução Humana, em Nova Jersey. "O Ardipithecus é um quadrúpede palmígrado [apoiava-se nas plantas das quatro patas], e não um bípede."


Mais importante ainda: o animal seria, na verdade, um grande macaco africano primitivo, talvez anterior à separação entre as linhagens de humanos e chimpanzés.


Interpretação


Sarmiento aponta que White e colegas teriam errado feio na interpretação dos detalhes mais importantes do esqueleto. Em síntese, ele diz que traços dos dentes, da pelve e dos membros lembram mais os dos grandes macacos mais antigos, com uns 10 milhões de anos [sic].


O problema é que esses bichos mais primitivos só foram encontrados até agora na Europa e na Ásia. Há uma lacuna no registro deixado pelos fósseis na África.


Sarmiento aposta que a "mania" de achar apenas hominídeos na África, com idade de 7 milhões de anos [sic] para cima, pode ser explicada por um viés dos cientistas: ninguém quer afirmar que encontrou "apenas" um ancestral dos chimpanzés, critica.


Em resposta na própria "Science", White e colegas afirmam ter feito a lição de casa ao "comparar detalhadamente" Ardi com os grandes macacos mais antigos. Lembram que outros exemplares da espécie tinham sido descritos nos anos 1990. "Nesses 15 anos, o status do Ardipithecus como hominídeo foi amplamente aceito."


(Reinaldo José Lopes)

(Folha de SP, 28/5)


(Jornal da Ciência)


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11 de mai. de 2010

CRIACIONISMO FILOSÓFICO

Após a Revolução Intelectual ocorrida em virtude das Cruzadas e frequentemente chamada de “Renascimento Cultural”, houve um resgate da cultura greco-romana por parte da recém-formada burguesia. Esse resgate levou a um questionamento dos paradigmas católicos em vigência, no fim da Idade Média. Esses questionamentos racionais legitimaram uma postura empirista e racionalista mediante a fé – então manipulada na mente das pessoas pela própria Igreja. Começava, oficialmente, no mundo moderno, a separação entre ciência e religião. O pensamento racionalista de cunho grego passou a ser utilizado insistentemente como método para desconstruir o pensamento judaico-cristão. É importante salientar que o mau uso da Bíblia – e por que não dizer da fé – por parte da Igreja e do clero ao longo da História não deve servir de amparo a uma análise científica para rejeitar o cristianismo, como tem ocorrido desde então.

A própria Igreja Católica se apropriou, com fins teológicos particulares, do pensamento grego, como podemos observar em Agostinho de Hipona (Santo Agostinho) e Tomás de Aquino. Mas podemos tratar desse tema posteriormente. Em nosso entendimento, analisar a Bíblia e seu texto requer compreensão do pensamento hebraico. Ao invés de propormos apenas uma perspectiva de análise do relato, ao olharmos para o pensamento hebraico, uma nova perspectiva se abre ante nossos olhos. Julgar a cultura hebraica a partir da filosofia grega não só é empiricamente incorreto como também perigoso.

Assim, a fim de lançar alguma luz sobre o tema da criação a partir da perspectiva hebraica, é preciso nos livrar de nossos pressupostos gregos, o que admitimos ser difícil, na medida em que somos doutrinados desde crianças a pensar de maneira grega.

Para uma rápida comparação entre os pensamentos grego e hebraico, gostaríamos de expor rapidamente a dialética entre ambas a partir de dois temas: o debate entre fé e razão e a essência. Para os gregos, a fé foi ultrapassada quando os mitos deixaram de explicar aquilo que os rodeava. Assim, passaram a buscar, de maneira crescente, explicações puramente racionais para suas inquietações. A fé foi substituída pela razão, pois esta era capaz de responder o que aquela não poderia mais. No conceito hebraico, entretanto, fé e razão não se separam. No conceito hebraico, a fé é produto das evidências dadas pela razão. Deus está completamente ligado à ciência porque Ele é a ciência viva, o Criador. No pensamento hebraico, o ser humano é limitado, e é por isso que Deus precisa Se revelar de maneira limitada, para que o ser humano possa compreender que Ele existe. Enquanto os gregos esperavam poder comprovar e apalpar, os judeus não precisam da materialização do objeto, mas apenas evidências de sua existência. Como exemplo, gostaria de citar o episódio em que Moisés pede que Deus Se revele a Ele. Quando Deus o faz, imediatamente Moisés descreve a Deus, mas não de maneira física como se suporia no pensamento grego, mas o caráter de Deus passa a ser descrito (cf. Êxodo 33:18-34:7).

No que diz respeito à essência, essa talvez seja uma das mais velhas discussões da Filosofia. No pensamento grego, há inúmeras respostas sobre o que viria a ser essência, a fim de descobrir o que de fato as coisas são. Platão sugeriu que a essência do homem fosse sua alma. Aristóteles defendeu que a essência do homem são seus pensamentos. Entretanto, como na raiz do pensamento hebraico alma e corpo são a mesma coisa e os pensamentos têm uma origem material (seja coração, para o contexto Bíblico, ou cérebro, para o mundo moderno), a essência do homem seria seu caráter, por conseguinte, refletido em suas ações.

De que forma isso está relacionado ao criacionismo? O criacionismo concebe a existência de Deus, concebe o ser humano voluntariamente subjugado à vontade desse Deus e O respeita, como o pensamento hebraico pressupõe. Assim, quando Moisés descreve a Criação, como reprodutor do pensamento hebraico, ele descreve o que viu (revelação) e sentiu. A fé está profundamente arraigada no pensamento hebraico bíblico, mas não para substituir a razão, e sim como parte integrante dela. Não defendemos o fim da análise científica, mas sim a análise do discurso e do pensamento hebraicos como elementos culturalmente racionais. Assim, filosoficamente, criacionismo é científico sem abdicar da fé. Qualquer questionamento grego sobre a perspectiva hebraica da Criação seria, assim, inválida.

(Rodrigo Udo Zeviani, mestre em História pela Universidade Estadual de Maringá, leciona Filosofia há cerca cinco anos. Também é professor do curso de Pedagogia no Centro Universitário de Maringá, Cesumar)


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